Sophia de Mello Breyner Andresen - A menina do mar
MAR
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner
MAR, poesia
Editorial Caminho, Lisboa 2001
MAR, poesia
Editorial Caminho, Lisboa 2001
CLICA para te divertires a dar uns bons mergulhos pelo LER deste livro!...
"...Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta,
sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia
um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores
brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos.
Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as
ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de
palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de
anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos,
grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e
macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes
passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e
já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente,
abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os
lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o
cheiro da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa
pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E
tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve
e feliz.
Em Setembro veio o equinócio. Vieram marés vivas, ventanias, nevoeiros,
chuvas, temporais. As marés altas varriam a praia e subiam até à duna. Certa
noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com
tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho
esteve até altas horas sem dormir. As portadas das janelas batiam. As madeiras
do chão estalavam como madeiras de mastros. Parecia que as ondas iam cercar
a casa e que o mar ia devorar o Mundo. E o rapazito pensava que, lá fora, na
escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o
vento se combatiam. Mas por fim, cansado de escutar, adormeceu embalado
pelo temporal.
De manhã quando acordou estava tudo calmo. A batalha tinha acabado. Já não
se ouviam os gemidos do vento, nem gritos do mar, mas só um doce murmúrio
de ondas pequeninas. E o rapazinho saltou da cama, foi à janela e viu uma
manhã linda de sol brilhante, céu azul e mar azul. Estava maré vaza. Pôs o fato
de banho e foi para a praia a correr. Tudo estava tão claro e sossegado que ele
pensou que o temporal da véspera tinha sido um sonho.
Mas não tinha sido um sonho. A praia estava coberta de espumas deixadas pelas
ondas da tempestade. Eram fileiras e fileiras de espiava que tremiam à menor
aragem. Pareciam castelos fantásticos, brancos mas cheios de reflexos de mil
cores. O rapaz quis tocar-lhes, mas mal punha neles as suas mãos os castelos
sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia
um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores
brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos.
Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as
ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de
palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de
anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos,
grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e
macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes
passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e
já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente,
abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os
lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o
cheiro da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa
pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E
tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve
e feliz.
Em Setembro veio o equinócio. Vieram marés vivas, ventanias, nevoeiros,
chuvas, temporais. As marés altas varriam a praia e subiam até à duna. Certa
noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com
tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho
esteve até altas horas sem dormir. As portadas das janelas batiam. As madeiras
do chão estalavam como madeiras de mastros. Parecia que as ondas iam cercar
a casa e que o mar ia devorar o Mundo. E o rapazito pensava que, lá fora, na
escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o
vento se combatiam. Mas por fim, cansado de escutar, adormeceu embalado
pelo temporal.
De manhã quando acordou estava tudo calmo. A batalha tinha acabado. Já não
se ouviam os gemidos do vento, nem gritos do mar, mas só um doce murmúrio
de ondas pequeninas. E o rapazinho saltou da cama, foi à janela e viu uma
manhã linda de sol brilhante, céu azul e mar azul. Estava maré vaza. Pôs o fato
de banho e foi para a praia a correr. Tudo estava tão claro e sossegado que ele
pensou que o temporal da véspera tinha sido um sonho.
Mas não tinha sido um sonho. A praia estava coberta de espumas deixadas pelas
ondas da tempestade. Eram fileiras e fileiras de espiava que tremiam à menor
aragem. Pareciam castelos fantásticos, brancos mas cheios de reflexos de mil
cores. O rapaz quis tocar-lhes, mas mal punha neles as suas mãos os castelos
trémulos desfaziam-se.
Então foi brincar para as rochas. Começou por seguir um fio de água muito claro
entre dois grandes rochedos escuros, cobertos de búzios. O rio ia dar a uma
grande poça de água onde o rapazinho tomou banho e nadou muito tempo.
Depois do banho continuou o seu caminho através das rochas. Ia andando para
o sul da praia que era um deserto para onde nunca ninguém ia. A maré estava
muito baixa e a manhã estava linda. As algas pareciam mais verdes do que
nunca e o mar tinha reflexos lilases. O rapazinho sentia-se tão feliz que às vezes
punha-se a dançar em cima dos rochedos. De vez em quando encontrava uma
poça boa e tomava outro banho Quando ia já no décimo banho, lembrou-se que
deviam ser horas de voltar para casa. Saiu da água e deitou-se numa rocha a
apanhar sol.
«Tenho que ir para casa», pensava ele, mas não lhe apetecia nada ir-se embora.
E, enquanto assim estava deitado, com a cara encostada às algas, aconteceu de
repente uma coisa extraordinária: ouviu uma gargalhada muito esquisita,
parecia um pouco uma gargalhada de ópera dada por uma voz de «baixo»:
depois ouviu uma segunda gargalhada ainda mais esquisita, uma gargalhada
pequenina, seca que parecia uma tosse: em seguida uma terceira gargalhada,
que era como se alguém dentro de água fizesse «glu, glu». Mas o mais
extraordinário de tudo foi a quarta gargalhada: era como uma gargalhada
humana, mas muito mais pequenina, muito mais fina e muito mais clara. Ele
nunca tinha ouvido uma voz tão clara: era como se a água ou o vidro se rissem.
Com muito cuidado para não fazer barulho levantou-se e pôs-se a espreitar
escondido entre duas pedras..."
Sophia de Mello Breyner Andresen in "A menina do mar"entre dois grandes rochedos escuros, cobertos de búzios. O rio ia dar a uma
grande poça de água onde o rapazinho tomou banho e nadou muito tempo.
Depois do banho continuou o seu caminho através das rochas. Ia andando para
o sul da praia que era um deserto para onde nunca ninguém ia. A maré estava
muito baixa e a manhã estava linda. As algas pareciam mais verdes do que
nunca e o mar tinha reflexos lilases. O rapazinho sentia-se tão feliz que às vezes
punha-se a dançar em cima dos rochedos. De vez em quando encontrava uma
poça boa e tomava outro banho Quando ia já no décimo banho, lembrou-se que
deviam ser horas de voltar para casa. Saiu da água e deitou-se numa rocha a
apanhar sol.
«Tenho que ir para casa», pensava ele, mas não lhe apetecia nada ir-se embora.
E, enquanto assim estava deitado, com a cara encostada às algas, aconteceu de
repente uma coisa extraordinária: ouviu uma gargalhada muito esquisita,
parecia um pouco uma gargalhada de ópera dada por uma voz de «baixo»:
depois ouviu uma segunda gargalhada ainda mais esquisita, uma gargalhada
pequenina, seca que parecia uma tosse: em seguida uma terceira gargalhada,
que era como se alguém dentro de água fizesse «glu, glu». Mas o mais
extraordinário de tudo foi a quarta gargalhada: era como uma gargalhada
humana, mas muito mais pequenina, muito mais fina e muito mais clara. Ele
nunca tinha ouvido uma voz tão clara: era como se a água ou o vidro se rissem.
Com muito cuidado para não fazer barulho levantou-se e pôs-se a espreitar
escondido entre duas pedras..."
imagem retirada daqui - Clica e descobre o que fomos espreitar...
E a pedido de alguns meninos e meninas na aula, como prometido aqui ficam AS DUNAS... CLICA...
retirado daqui
E para os que queriam saber como se "forma" ou "como se faz" uma DUNA, Cliquem e espreitem...
E umas dunas para te divertires... CLICA...
E o fundo do mar... a casa da menina do mar... as anémonas... os peixes...
As raias... oceanário de Lisboa...
E uma praia, um mar... que talvez conheças... Santa Cruz...
E um livro para leres a ver o mar... Onda de Suzy Lee -
CLICA! Nem precisas de palavras!...
E umas meninas da ribeira do Sado...num cantar do Alentejo - Adiafa... que alguém cantou mesmo a sair da aula...
CLICA AQUI...
E o rio Sado - Tróia no flickr
CLICA e espreita os roazes do Sado...
Roaz corvineiro
Uma história no rio Sado, sobre o rio e os roazes corvineiros que nos contam um pouco da sua história, pela barbatana de um golfinho - o Tongas...
CLICA e diverte-te!...
Obrigado Luana por nos dares a conhecer esta história, no teu livro, na aula...
"...Vou mostrar-te um tesouro que está escondido na areia, no fundo do mar, na costa de Tróia. Há cerca de quatrocentos anos naufragou aqui uma nau espanhola. Chamava-se "Nuestra Señora del Rosario" e vinha da América do Sul. Trazia a bordo lingotes de ouro e de prata, pedras preciosas e uma arca cheia de moedas. Às vezes, eu e os meus amigos de aventuras, o Cocas, o Guilhas, o Bocage e o Manaia, vamos visitá-la.
Não vamos lá para nos enfeitar e enriquecer como seu tesouro... Vamos àquele lugar misterioso porque sabemos que ao anoitecer, acende-se o fanal na popa da nau e as maiores tainhas e os maiores robalos das redondezas vêm procurar guarida nos seus destroços. Então, escondemo-nos atrás da escuridão e ficamos ali quietinhos, a apreciar aquele desfile de gigantes do mar, peixes sábios como os robalos, que já viveram muitos anos, vinte ou trinta... Isso sim, tem para nós sabor a ouro. E por isso, respeitamos os tesouros da natureza.
...Mas só pode conhecer o segredo desta nau quem prometer não a destruir! E eu sei que tu vais conseguir. Por isso vou mostrar-te um tesouro ainda maior, onde floresce a riqueza do nosso estuário.
Olha! Sabes o que é? É uma pradaria de ervas marinhas! Aqui é o lugar onde nascem e crescem muitos seres marinhos que um dia haverão de encher o oceano e a nossa casa.
É aqui que nascem e crescem os chocos, as raias, os cavalos marinhos, os cabozes e as marinhas...
É aqui que nascem e crescem os chocos, as raias, os cavalos marinhos, os cabozes e as marinhas...
Por isso gostava que um dia pudesses vir aqui, mergulhar comigo, para que também tu te maravilhasses com este tesouro e o guardasses como a coisa mais preciosa para ti..."
Raquel Gaspar e Marcos Oliveira in Histórias do Roazes do Sado
Fica a conhecer um dos autores do livro Raquel Gaspar...
AQUI.
Um tesouro no fundo do mar... pradarias de ervas marinhas...
CLICA e espreita... AQUI.
MAIS TESOUROS DO FUNDO MAR...
AQUI
Talvez os ANIMAIS UNIDOS...
Land Art - Andy Goldsworthy - relembra a aula que foi dada pelos "Paços na Escola"...
Andres Amador - Land Art - Sand Painting
Andres Amador - Land Art - Sand Painting
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Land Art - Andy Goldsworthy
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
CLICA E espreita...
E agora põe-te a LER...
E depois vem aqui contar... o teu olhar sobre o mar e a floresta ou aquilo que mais te agradar...
Os teus trabalhos irão por aqui aparecer, e a tua Land Art também... E agora vai investigar o que é isso e para que serve afinal... e diverte-te, nas férias que já aí vêm a Ler e a criar, a escrever e a brincar...
A Fada Oriana
E até um "cavaleiro da Dinamarca"...
Não te esqueças que podes ir requisitar estes livros na biblioteca da zona onde vives. E diverte-te! A LER!... Nas férias!...
E aproveita para viajar!... QUERES SABER ONDE?... E diverte-te!
CLICA AQUI
Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar.
Sophia de Mello Breyner Andresen
CLICA E espreita...
E agora põe-te a LER...
E depois vem aqui contar... o teu olhar sobre o mar e a floresta ou aquilo que mais te agradar...
Os teus trabalhos irão por aqui aparecer, e a tua Land Art também... E agora vai investigar o que é isso e para que serve afinal... e diverte-te, nas férias que já aí vêm a Ler e a criar, a escrever e a brincar...
A Fada Oriana
E até um "cavaleiro da Dinamarca"...
Não te esqueças que podes ir requisitar estes livros na biblioteca da zona onde vives. E diverte-te! A LER!... Nas férias!...
E aproveita para viajar!... QUERES SABER ONDE?... E diverte-te!
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