O NOME DAS LETRAS



...letras com nomes lá dentro...































domingo, 26 de maio de 2013

O lobo-ibérico - "canis lupus" e "A verdadeira história dos três porquinhos" tal como foi contada a Jon Scieszka




O lobo-ibérico
"canis lupus signatus"em latim





Apresenta:


  "A  verdadeira história dos três porquinhos" por Jon Scieszka






foto daqui


Podes ler a história AQUI, CLICA e diverte-te com este lobo e a sua história!...





“No mundo inteiro as pessoas conhecem a história dos três porquinhos. Ou, pelo menos, acham que conhecem.
Mas eu vou contar um segredo. Ninguém conhece a história verdadeira, porque nunca ninguém ouviu o meu lado da história.

Eu sou o lobo. Alexandre T. Lobo. Podem chamar-me Alex.

Eu não sei como começou toda essa conversa sobre o Lobo Mau, mas está completamente errada.

Talvez seja por causa da nossa alimentação.
Olhem, a culpa não é minha se os lobos comem bichos engraçadinhos como os coelhos e os porquinhos. É apenas a nossa maneira de ser. Se os “cheeseburguers” fossem amorosos, todos iam achar que você era Mau.
Mas como ia a dizer, essa conversa toda sobre o Lobo Mau está errada.
A verdadeira história é sobre um espirro e uma chávena de açúcar. E eu vou explicar-vos tudo.
No tempo do “Era uma Vez”, eu estava a fazer um bolo de aniversário para a minha querida e amada avozinha.
Eu estava com uma constipação terrível, espirrava muito.
E fiquei sem açúcar.
Então resolvi pedir uma chávena de açúcar emprestada ao meu vizinho.
Mas, esse meu vizinho era um porco.
E também não era muito inteligente.
Ele tinha construído a sua casa toda de palha.
Vocês acreditam? Quero dizer, quem tem a cabeça no lugar não constrói uma casa de palha.
É claro que, assim que bati, a porta caiu. E eu não sou de entrar assim sem mais nem menos na casa dos outros.
Então chamei:
- “Porquinho, estás aí?”. Ninguém respondeu.
E eu já estava a pensar voltar a casa sem o açúcar para o bolo de aniversário da minha querida e amada avozinha.
Foi quando o meu nariz começou a dar-me uma comichãozinha. Senti o espirro a vir. Então enchi o peito de ar. E bufei.
E soltei um grande espirro.
Sabem o que aconteceu? Aquela maldita casa de palha desmoronou-se totalmente. E no meio do monte de palha estava o Primeiro Porquinho – mortinho da silva.
Ele estivera em casa todo aquele tempo.
Seria um desperdício deixar um presunto em excelente estado no meio daquela palha toda. Então comi-o. Imagine o porquinho como se ele fosse um grande “cheeseburguer”. Você não o comeria também?
Bom, ali estava eu a sentir-me um pouco melhor daquela constipação, mas ainda não tinha a minha chávena de açúcar. Então fui até à casa do próximo vizinho.
Esse vizinho era irmão do primeiro Porquinho. E era um pouco mais esperto, mas não muito.
Tinha construído a sua casa com madeira.
Toquei à campainha da casa de madeira. Ninguém respondeu.
Chamei:
- “Senhor Porco, senhor Porco, está em casa?”.
E ele gritou de lá:
- “Vá-se embora Lobo. Você não pode entrar aqui. Estou a fazer a barba às minhas bochechas rechonchudas”.
Eu tinha acabado de agarrar na maçaneta da porta quando senti outro espirro a vir.
Eu enchi o peito de ar. E bufei. E tentei tapar  a minha boca, mas dei um grande espirro.
Vocês não vão acreditar, mas a casa desse Porquinho, desmoronou-se tal como a do irmão dele.
Quando a poeira assentou, lá estava o Segundo Porquinho – mortinho da silva. Palavra de honra.
E vocês sabem que a comida se estraga se ficar abandonada ao relento.
Então fiz a única coisa que tinha de ser feita.
Jantei outra vez.
Era o mesmo que repetir um prato.”
E estava a ficar terrivelmente empanturrado.
Mas estava um pouco melhor da constipação.
E eu ainda não tinha conseguido aquela chávena de açúcar para o bolo de aniversário da minha querida e amada avozinha. Então fui até à casa do próximo vizinho.
Ele era irmão do Primeiro e do Segundo Porquinhos.
Devia ser o cérebro  da família.
A casa dele era feita de tijolos.
Bati à porta da casa de tijolos. Ninguém respondeu.
E chamei:
- “Senhor Porco, está aí?”.
E sabem o que é que aquele leitãozinho atrevido me respondeu?
“Desanda daqui Lobo. Não me aborreças mais.”
E ainda dizem que eu é que sou mal-educado.
Ele tinha provavelmente, lá em casa, um saco cheio de açúcar. E não ia dar-me nem uma chaveninha para o bolo de aniversário da minha querida e amada avozinha.
- Que porco!!
Eu estava quase a vir embora para fazer um lindo cartão de aniversário em vez do bolo, quando senti um espirro a vir.
Eu enchi o peito de ar.
E bufei.
E espirrei outra vez.
Então o Terceiro Porquinho gritou:
- “E a sua velha avozinha pode ir à fava.”
Sabem, eu sou uma pessoa calma, geralmente. Mas, quando alguém fala assim da minha avozinha, eu perco a cabeça.
Quando a polícia chegou, é evidente que eu estava  a tentar rebentar a porta daquele Porco. E eu enchia o peito de ar, bufava, espirrava e fazia uma barulheira.
O resto, como dizem é história.
Tive muito azar: os repórteres descobriram que eu tinha jantado os outros dois porquinhos. E acharam que a história de uma pessoa doente a pedir açúcar emprestado não era muito emocionante. Então enfeitaram e exageraram a história com tudo aquilo de… “bufar, assoprar e derrubar a casa do Porquinho”.
E fizeram de mim o Lobo Mau.
E aí têm...
Esta é a verdadeira história.
Fui vítima de uma mentira, uma trapaça.
Mas... Será que vocês podem emprestar-me uma chávena de açúcar???