O lobo-ibérico
"canis lupus signatus"em latim
Apresenta:
"A verdadeira história dos três porquinhos" por Jon Scieszka
foto daqui
Podes ler a história AQUI, CLICA e diverte-te com este lobo e a sua história!...
“No
mundo inteiro as pessoas conhecem a história dos três porquinhos. Ou, pelo menos, acham
que conhecem.
Mas eu vou
contar um segredo. Ninguém conhece a história verdadeira, porque nunca ninguém ouviu o meu lado da história.
Eu sou o lobo.
Alexandre T. Lobo. Podem chamar-me Alex.
Eu não sei como
começou toda essa conversa sobre o Lobo Mau, mas está completamente errada.
Talvez seja por
causa da nossa alimentação.
Olhem, a culpa não é minha se os lobos comem bichos engraçadinhos como os coelhos e os porquinhos. É
apenas a nossa maneira de ser. Se os “cheeseburguers” fossem amorosos, todos
iam achar que você era Mau.
Mas como ia
a dizer, essa conversa toda sobre o Lobo Mau está errada.
A verdadeira
história é sobre um espirro e uma chávena de açúcar. E eu vou explicar-vos tudo.
No tempo do “Era
uma Vez”, eu estava a fazer um bolo de aniversário para a minha querida e amada
avozinha.
Eu estava com
uma constipação terrível, espirrava muito.
E fiquei sem açúcar.
Então resolvi
pedir uma chávena de açúcar emprestada ao meu vizinho.
Mas, esse meu vizinho
era um porco.
E também não era
muito inteligente.
Ele tinha
construído a sua casa toda de palha.
Vocês acreditam?
Quero dizer, quem tem a cabeça no lugar não constrói uma casa de palha.
É claro que,
assim que bati, a porta caiu. E eu não sou de entrar assim sem mais nem menos
na casa dos outros.
Então chamei:
- “Porquinho,
estás aí?”. Ninguém respondeu.
E eu já estava
a pensar voltar a casa sem o açúcar para o bolo de aniversário da minha querida
e amada avozinha.
Foi quando o
meu nariz começou a dar-me uma comichãozinha. Senti o espirro a vir. Então
enchi o peito de ar. E bufei.
E soltei um
grande espirro.
Sabem o que
aconteceu? Aquela maldita casa de palha desmoronou-se totalmente. E no meio do monte de
palha estava o Primeiro Porquinho – mortinho da silva.
Ele estivera em
casa todo aquele tempo.
Seria um
desperdício deixar um presunto em excelente estado no meio daquela palha toda.
Então comi-o. Imagine o porquinho como se ele fosse um grande
“cheeseburguer”. Você não o comeria também?
Bom, ali estava
eu a sentir-me um pouco melhor daquela constipação, mas ainda não tinha a minha
chávena de açúcar. Então fui até à casa do próximo vizinho.
Esse vizinho
era irmão do primeiro Porquinho. E era um pouco mais esperto, mas não muito.
Tinha
construído a sua casa com madeira.
Toquei à
campainha da casa de madeira. Ninguém respondeu.
Chamei:
- “Senhor
Porco, senhor Porco, está em casa?”.
E ele gritou de
lá:
- “Vá-se embora
Lobo. Você não pode entrar aqui. Estou a fazer a barba às minhas bochechas
rechonchudas”.
Eu tinha
acabado de agarrar na maçaneta da porta quando senti outro espirro a vir.
Eu enchi o
peito de ar. E bufei. E tentei tapar a
minha boca, mas dei um grande espirro.
Vocês não vão
acreditar, mas a casa desse Porquinho, desmoronou-se tal como a do irmão dele.
Quando a poeira assentou, lá estava o Segundo Porquinho – mortinho da silva. Palavra de honra.
E vocês sabem
que a comida se estraga se ficar abandonada ao relento.
Então fiz a
única coisa que tinha de ser feita.
Jantei outra
vez.
Era o mesmo que
repetir um prato.”
E estava a
ficar terrivelmente empanturrado.
Mas estava um
pouco melhor da constipação.
E eu ainda não
tinha conseguido aquela chávena de açúcar para o bolo de aniversário da minha querida
e amada avozinha. Então fui até à casa do próximo vizinho.
Ele era irmão
do Primeiro e do Segundo Porquinhos.
Devia ser o
cérebro da família.
A casa dele era
feita de tijolos.
Bati à porta da
casa de tijolos. Ninguém respondeu.
E chamei:
- “Senhor
Porco, está aí?”.
E sabem o que é
que aquele leitãozinho atrevido me respondeu?
“Desanda daqui
Lobo. Não me aborreças mais.”
E ainda dizem
que eu é que sou mal-educado.
Ele tinha
provavelmente, lá em casa, um saco cheio de açúcar. E não ia dar-me nem uma
chaveninha para o bolo de aniversário da minha querida e amada avozinha.
- Que porco!!
Eu estava quase
a vir embora para fazer um lindo cartão de aniversário em vez do bolo, quando
senti um espirro a vir.
Eu enchi o
peito de ar.
E bufei.
E espirrei
outra vez.
Então o
Terceiro Porquinho gritou:
- “E a sua
velha avozinha pode ir à fava.”
Sabem, eu sou
uma pessoa calma, geralmente. Mas, quando alguém fala assim da minha avozinha,
eu perco a cabeça.
Quando a polícia
chegou, é evidente que eu estava a
tentar rebentar a porta daquele Porco. E eu enchia o peito de ar, bufava,
espirrava e fazia uma barulheira.
O resto, como
dizem é história.
Tive muito
azar: os repórteres descobriram que eu tinha jantado os outros dois porquinhos.
E acharam que a história de uma pessoa doente a pedir açúcar emprestado não era
muito emocionante. Então enfeitaram e exageraram a história com tudo aquilo de…
“bufar, assoprar e derrubar a casa do Porquinho”.
E fizeram de
mim o Lobo Mau.
E aí têm...
Esta é a
verdadeira história.
Fui vítima de
uma mentira, uma trapaça.
Mas... Será que
vocês podem emprestar-me uma chávena de açúcar???
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