O país do Sol nascente
Cipango um nome que vem num livro - "O livro das maravilhas"
no qual Marco Polo narra as suas viagens a um companheiro de cela Rustichelo da Piza ou Rusticiano, enquanto esteve encarcerado em Génova.
Marco Polo um jovem veneziano, bem conhecido pelas viagens que fez na época em que viveu e que "encantou" com as suas descrições do mundo, muitos aventureiros e sonhadores. Embora muitos outros, creiam que o seu livro, que acabou por ficar conhecido por "Il Milione", de seu título original, "O livro das maravilhas", se refira a uma máscara usada no Carnaval de Veneza que significa a Mentira.
"Cipango é uma ilha do Levante, que está afastada da terra 1.500 milhas. É uma ilha muito grande. Os indígenas são brancos, de boa maneiras e formosos. São idólatras e livres, têm um rei próprio, que não é tributário de nenhum outro. Têm ouro em abundância, mas o rei não deixa levar, e por essa razão há lá poucos mercadores e poucas vezes vão ali as naus". (POLO, 2009, p. 200).AQUI
Cipango provém da palavra Je-pen Kuou ("país do sol levante), que originou a palavra Japão.
Marco Polo
Queres saber mais? Espreita AQUI...
E a história que nos levou na Crista da Onda até ao Japão... a propósito da "namorada japonesa do meu avô" de José Fanha...
E as autoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada...
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Uma terra de mistério
"... O Japão fica tão longe da Europa que durante muitos séculos ninguém soube da sua existência. Quem trouxe as primeiras notícias foi um rapaz de Veneza chamado Marco Polo depois de uma viagem pelo interior da Ásia. No regresso pôs-se a contar o que tinha visto e deixou um livro com histórias fantásticas. Garantia por exemplo que nos confins do mundo, lá para as bandas onde o sol nasce, havia um país de nome Cipango que não tinha senão ilhas.
Quase ninguém acreditou e tomaram-no por mentiroso ou sonhador. Mas do seu relato ficaram histórias e palavras saborosas como Cipango... como seria o país das ilhas longínquas? E as plantas? E os animais? E as pessoas?
Todas as perguntas ficaram sem resposta até ao dia em que uma tempestade de verão atirou para a ilha de Tanegashima um barco chinês onde viajavam três comerciantes portugueses: António da Mota, António Peixoto e Francisco Zeimoto. Corria o ano de 1543.
Completava-se assim a ligação da Europa ao Extremo Oriente!..."
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"
"...No Japão os portugueses deslumbravam-se com as paisagens...
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...com as casas leves de madeira e papel onde quase não havia mobília...
...e sobretudo com as pessoas. Tão delicadas que faziam vénias a toda a hora, falavam baixinho, vestiam túnicas de seda colorida e tinham o costume bizarro de se lavarem constantemente. As mulheres então pareciam bonecas de loiça, com a pele branca muito pintada.
Espreita AQUI...
...Mas também eles, portugueses, fizeram imenso sucesso na terra do sol nascente. De toda a parte ocorreu gente para os ver. Queriam interrogá-los, perguntar de onde vinham e porquê. Mas como, se não se entendiam? Quem serviu de intérprete foi um chinês. Pode fazê-lo devido a um pormenor engraçado: a língua falada era diferente na China e no Japão. mas a escrita era muito parecida. Assim o intérprete foi traçando sinais na areia com um pau e lá conseguiu explicar aos japoneses quem eram aqueles homens, de onde vinham e porquê. Eles comentavam entre si: "que grandes narizes tem estes estrangeiros! E os olhos? redondos, enormes... as roupas que vestem são bem esquisitas..."
Apesar das diferenças, receberam-nos muito bem e a pouco e pouco tiraram outras conclusões: " Não há duvidas que os viajantes são simpáticos e pacíficos. mas quanto a educação deixam muito a desejar. Não sabem comer com pauzinhos, nunca oferecem o copo antes de beberem e, pior do que tudo, falam altíssimo mostrando alegria ou zanga sem vergonha nenhuma. Também não se põem de cócoras nem se descalçam para cumprimentar os senhores".
Depressa encontraram um nome adequado àqueles visitantes que ignoravam todas as regras de cortesia: Namban- Jin ou seja bárbaros do sul."...
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"
hashi (pauzinhos) e respetivo hashioki (para pousar os hashi)
AQUI Namban- Jin ou bárbaros do sul como eram conhecidos os portugueses no Japão
Biombos namban -jin - representativos da presença dos portugueses no Japão...
Museu do Oriente
sombras "chinesas" - para fazeres "chinesices"... diverte-te!...
Aqui
Palavras portuguesas que viajaram para o Japão
Algumas palavras portuguesas que viajaram para o Japão e por lá ficaram... esta é obrigado que acabou dar origem a "arigato" em japonês...
capa
...acabou por dar origem a... Kappa
botão
...acabou por dar origem a.... botan
calção
...acabou por dar origem a... karusan
sabão
...acabou por dar origem a... shabon
AQUI
pão
...acabou por dar origem a... pan
bolo
...acabou por dar origem a... boro
cadeira
...acabou por dar origem a... kantera
E existem muitas mais palavras. Põe-te já a pensar! Vai investigar e vem aqui contar!...
Palavras japonesas que viajaram para Portugal
byobu
AQUI
"...Há paredes que deslizam tão silenciosas como os seus donos e outras de pôr e tirar conforme dá jeito na altura. Esses são os biombos... Mas o revestimento em papel de arroz decorado com folhas de ouro e pinturas exige movimentos delicadíssimos para não rasgar.
A chegada dos Portugueses teve também o seu impacto nos biombos pois os artistas, impressionados com o barco negro que ancorava no porto de Nagasaki uma vez por ano, esqueceram os motivos com que era habitual decorarem os biombos e aplicaram-se a reproduzir aquelas cenas que lhes vinham do outro lado do mundo. foi assim que surgiram os famosos biombos Namban. Por sorte houve alguns que chegaram intactos aos nossos dias...."Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"
...acabou por dar origem a... biombo
chawan
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...acabou por dar origem a... chávena
kimono
...acabou por dar origem a... quimono
judo
...acabou por dar origem a... judo
...."O calão não escapou à influência oriental.
Sakana, que em japonês quer dizer peixeiro, deu origem a sacana que em português
é um insulto."...
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"Tsukiji - mercado de venda de peixe em Tóquio - atum congelado
varinas em Lisboa
Uma história disparada no Japão
A tanegashima ou teppo ou hinawaju que é como quem diz: a espingarda.
"...Fernão Mendes Pinto... No seu livro, Peregrinação cada episódio é mais surpreendente do que o anterior. Como não podia deixar de ser inclui a história da primeira espingarda no Japão que teria sido oferecida... por Francisco Zeimoto ao governador da ilha de Tanegashima depois de uma caçada aos patos. Mas, engraçada mesmo, é a história da segunda espingarda no Japão, essa da responsabilidade do próprio Fernão Mendes Pinto numa outra ilha chamada Kiushu, envolvendo a família de um poderoso daimio.
E então é assim: depois de mostrar a espingarda e de fazer várias exibições de tiro, deixou a assistência maravilhada. O mais entusiasta porém foi o filho segundo do daimio. Nunca mais se calou a pedir "ensina-me a disparar. Quero dominar essa arma."
Receando que o rapaz se ferisse, Fernão Mendes Pinto desculpou-se inventando que encher o cano de pólvora como vira fazer e premir o gatilho era uma arte difícil, demorava muito a aprender.... Sempre à espreita de uma oportunidade, aproveitou um dia em que o português dormia a sesta e vá de pegar na espingarda. Atafulhou o cano de pólvora como vira fazer e ... pan! Provocou uma explosão...
... o infeliz perdeu os sentidos. de imediato acorreu gente gritando " a espingarda do estrangeiro matou o filho do daimio".
Já se preparava uma vingança radical quando por sorte o rapaz acordou, assumiu toda a culpa e exigiu ao pai que poupasse a vida ao estrangeiro..."
E então é assim: depois de mostrar a espingarda e de fazer várias exibições de tiro, deixou a assistência maravilhada. O mais entusiasta porém foi o filho segundo do daimio. Nunca mais se calou a pedir "ensina-me a disparar. Quero dominar essa arma."
Receando que o rapaz se ferisse, Fernão Mendes Pinto desculpou-se inventando que encher o cano de pólvora como vira fazer e premir o gatilho era uma arte difícil, demorava muito a aprender.... Sempre à espreita de uma oportunidade, aproveitou um dia em que o português dormia a sesta e vá de pegar na espingarda. Atafulhou o cano de pólvora como vira fazer e ... pan! Provocou uma explosão...
... o infeliz perdeu os sentidos. de imediato acorreu gente gritando " a espingarda do estrangeiro matou o filho do daimio".
Já se preparava uma vingança radical quando por sorte o rapaz acordou, assumiu toda a culpa e exigiu ao pai que poupasse a vida ao estrangeiro..."
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"
"...Os troncos escorriam entre Junho e Novembro mas o verniz de melhor qualidade brotava em agosto. Misturando com pó de carvão, ficava preto. Com sangue de dragoeiro, encarnado. Pigmentos de ouro, prata ou zinco serviam para acrescentar pinturas delicadíssimas ás quais se podiam juntar pedaços de madrepérola, pele de raia ou de cação. O verniz tornava as peças impermeáveis e resistentes. Ora os portugueses perderam a cabeça com aquele material tão prático, sólido e brilhante. Desataram a encomendar bolsas para a pólvora, cofres, estantes para missais, oratórios, caixas para hóstias, cadeiras, arcas, contadores, cabos de espada, tudo revestido pelo verniz "miraculoso" a que se dá o nome de laca."...
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada in O Japão "Na Crista da Onda"
AQUI arte namban
oratório - arte namban
contador - arte namban
estante para missal - arte namban
Os Biombos Namban
Os biombos Namban contam
A história alegre das navegações
Pasmo de povos de repente
Frente a frente
Alvoroço de quem vê
O tão longe tão de pé
Laca e leque
Kimono camélia
Perfeição esmero
E o sabor de tempero
Cerimónias mesuras
Nipónicas finuras
Malícia perante
Narigudas figuras
Inchados calções
Enquanto no alto
Das mastreações
Fazem pinos dão saltos
Os ágeis acrobatas
das navegações
Dançam de alegria
Porque o mundo encontrado
É muito mais belo
Do que o imaginado.
Sophia de Mello Breyner Andresen
E com uns "narizes" destes, vamos já metê-los no LER!...
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